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Lojas Marisa fecham duas unidades no RN

Por Jair Bala em 21/05/2023 às 19:58:52

O Rio Grande do Norte perde, neste mês de maio, duas unidades das Lojas Marisa. Uma delas, em Natal, no bairro da cidade Alta, que fecha as portas no próximo dia 31 de maio; e a segunda, em Mossoró já fechada no último dia 15 deste mês. Em ritmo para encerramento das atividades, a unidade da Marisa, localizada na Rio Branco, promove 40% de desconto em todos os produtos até acabar o estoque. Quase toda mercadoria já se foi e os últimos clientes aproveitam a oportunidade para levar peças em promoção. Na quarta-feira (7), a loja vendeu 25% de todo estoque colocado em promoção. A depender da duração do estoque, o fechamento oficial pode acontecer antes. A franquia tem passado por uma reestruturação e programa fechar 91 unidades no Brasil.

A unidade da Cidade Alta foi atingida por ser uma das lojas que tem um problema sintomático de não gerar lucro devido à baixa movimentação que tem acometido o centro de Natal há alguns anos. De acordo com a gerência local, os 18 funcionários da loja serão realocados para as unidades do Partage Norte Shopping e Midway Mall. Os que optarem por deixar o trabalho, receberão 50% em bonificação.

Há cerca de três anos o movimento já vinha em baixa, devido ao fechamento de outras grandes franquias no local, como C&A. "É devido o decaimento do centro da cidade", afirma a gerência. No ultimo mês, a unidade da Colombo também deixou o centro e lojistas se preocupam que as vendas fiquem ainda piores nos próximos dias.

A Marisa já havia anunciado o fechamento de 91 lojas no primeiro trimestre, como parte do plano de recuperação da geração de caixa e rentabilidade. Desse total, 51 unidades já tiveram suas operações encerradas até o momento. Somente, entre março e abril deste ano, foram fechadas 25 lojas. Até final de junho, outras 40 unidades fecharão as portas.

No Ceará, serão encerradas as operações de cinco unidades, entre shoppings e de rua. Com os ajustes, segundo nota oficial enviada à TRIBUNA DO NORTE, a varejista estima aumento de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da ordem de R$ 62 milhões em base anual recorrente. Ainda na nota, a companhia informou que "as demais em atuação no Estado seguem funcionando normalmente".

Em Natal, a loja da Cidade Alta não é a primeira grande rede a deixar a localidade, o que aumenta ainda mais a tensão no comércio. Outra perda que impactou o setor foi a C&A, que fechou as portas no bairro há pouco mais de um ano, em março de 2022. Como divulgado à época, o fechamento da unidade marcou o enfraquecimento do comércio na Cidade Alta.

Segundo levantamento da Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern), solicitado pelo movimento Viva o Centro Natal, só em 2023 – até 27 de abril deste ano - foram fechadas cerca de 20 empresas, cinco a mais do que o número de aberturas no mesmo período. De acordo com o presidente do movimento, Rodrigo Vasconcelos, a saída da Marisa não terá o mesmo impacto da saída da C&A, já que a unidade já sofria com baixa movimentação e atraia poucos clientes no dia-a-dia.

"Acredito eu que a Marisa, na Cidade Alta, não vai ter esse impacto como foi uma C&A porque a Marisa já não tinha os produtos necessários para o cliente ir em busca. Ela tinha alguns. Era um estoque muito vazio. Então isso o cliente deixou de procurar até a loja como referência", comenta o presidente.

Um ponto levantado por ele que justifica a saída das lojas – mas não é o caso da Marisa, de acordo com a gerência local – é o alto preço dos aluguéis. De acordo com o presidente, é necessário haver um 'estudo' para tentar resolver a questão. "Se não houve um trabalho, um estudo feito para se estudar os valores dos aluguéis, mais empresas vão fechar porque não tão aguentando o alto valor dos pontos comerciais da Cidade Alta", complementa.

Ainda segundo Vasconcelos, existe uma conversa com a Prefeitura de Natal afim de promover isenção fiscal para empresas e prestadoras de serviços da Cidade e Ribeira. "A gente vai defender o cinturão de isenção fiscal na Cidade Alta e Ribeira. As empresas que vierem e se instalarem na Cidade Alta, prestadoras de serviço, elas vão ter esse incentivo em ISS, os proprietários antigos que restaurarem vão ter desconto em IPTU", disse. Ele comenta que o projeto ainda é embrionário e segue em discussão com o município.

Comerciantes se preocupam com baixas vendas

Mesmo assim, a saída de lojas-âncoras – como são chamadas as grandes franquias – acaba sufocando os comerciantes menores, que se aproveitam do fluxo de pessoas atraído pelas redes. Em conversa com empresários locais, é possível notar a apreensão com relação a baixa movimentação na Cidade Alta.

O gerente Haheilson de Araújo, 38 anos, comenta que a movimentação na loja de sapatos onde trabalha segue em queda constante. "Está cada dia pior. Só queda, nem no dia das mães foi o que esperava, não reagiu. Foi muito abaixo dos últimos anos", afirma o gerente. "Do jeito que vai indo, já já não vai ter ninguém para entrevistar", rebate o seu colega também gerente Jorge Bochnakian, 73 anos. De acordo com eles, o fechamento das lojas-âncora e ida da população para os shoppings é o principal motivo para queda.

"Não tem movimento, as lojas fechando a cada dia que passa", comenta a coordenadora de loja, Jaqueline Lucena, 41 anos. Há cerca de quatro anos, uma outra unidade da loja que trabalha foi fechada também na Rio Branco e hoje teme que as metas não sejam alcançada. A diminuição de funcionários também acompanhou a falta de clientes. Ela comenta que antes a loja tinha 15 funcionários e hoje, apenas seis ainda trabalham no local.

A Marisa encerrou o primeiro trimestre de 2023 com um prejuízo de R$ 149 milhões, segundo informações do Estadão. O valor é 64,2% maior do que o de igual período de 2022. O Ebitda ajustado total também ficou negativo em R$ 50,6 milhões, 11,5% maior ante o desempenho de um ano antes. Já a receita líquida da varejista cresceu 1,3%, para R$ 440,5 milhões, de janeiro a março deste ano.

Números

R$ 149 milhões em perda líquida

51
unidades foram fechadas até o momento

40
serão fechadas até o mês de junho

91
é o total de unidades que serão fechadas este ano
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